Um grito de revolta para que o Despertar Aconteça!

tocar tambor, poder, voz, oração

Esta crise põe a nossa humanidade a nu. (volto a usar esta expressão por me parecer tão significativa) Por um lado, a nossa imperfeição: insatisfação, instabilidade, incoerência, ambivalência, impulsividade, reatividade, … Por outro lado, a nossa luminosidade: compaixão, generosidade, solidariedade, coragem, responsabilidade, criatividade, resiliência, fé, … Esta a nossa condição humana - dualista e limitada (pelo menos antes do verdadeiro Despertar!).

 

É abraçando e assumindo esta condição humana, tudo o que eu sou, que me questiono sobre o que estamos a viver. Usando as capacidades duma mente lúcida para observar, refletir, e discernir, mas consciente da incapacidade de abarcar e compreender a realidade na sua totalidade.

 

Tenho muitas perguntas na cabeça! (Como vocês também, certamente.) Pô-las por escrito e partilhar convosco é uma forma de não dar em louca! De dar voz à angústia, inquietação, tristeza, frustração, raiva, … Organizar as ideias. Soltar a tensão. Não me sentir sozinha. É também uma forma de demonstrar a urgência da mudança! De transcender a sensação de impotência. Romper a inércia. Criar espaço para visualizar novas possibilidades de direção. Nutrir a fé e o ânimo. Manter o Sonho vivo! Contribuir para que a transformação desejada, interna e externa, aconteça!

 

Desde antes de a crise se generalizar, que me pergunto: Qual as semelhanças e diferenças entre este vírus e outros vírus já conhecidos? Qual o impacto duma gripe comum nos últimos anos? E neste outono/inverno? Em Portugal? Em Itália? No mundo? Qual a dimensão de casos graves? E de mortes? Quantas pessoas morrem por ano de doenças como diabetes, cancro, malária?

 

Porque os hospitais e os serviços públicos de saúde aparentam ter tantas fragilidades e estar em colapso eminente? Porque faltam médic@s e enfermeir@s, equipamentos, laboratórios? Porque há regiões sem unidades de saúde capazes de prestar um serviço de qualidade?

 

Como explicar a proporção tão elevada de doenças crónicas e imunodepressivas no mundo ocidental? A tremenda fragilidade e vulnerabilidade da saúde de uma parte significativa das pessoas idosas?

 

Porque se desconsideram em absoluto formas alternativas de medicina e produtos naturais que têm mostrado impactos positivos no tratamento da doença? Porque se desvalorizam informações e relatórios dessas experiências?

 

Porque a grande maioria dos meios de comunicação se centra nos números, nas curvas, numa abordagem repetitiva, superficial e unidirecionada?

 

Porque é que as nossas sociedades ocidentais se mostram tão vulneráreis a um vírus como este? O que demonstra esta crise sobre as nossas estruturas, a organização das cidades e do campo, a organização do trabalho, da vida familiar, da educação, dos transportes? Sobre a nossa relação com a natureza e o uso de recursos? Sobre os nossos valores? Quanto do nosso estilo de vida e conforto estamos dispostos a abdicar por um Bem Maior?

 

Há pessoas, corporações, grupos, que estão a gerir esta crise para seu proveito próprio de forma abusiva? Valores económicos e financeiros que se sobrepõem impunemente aos valores humanos e ao valor da Vida?

 

Será que esta crise faz com que pessoas, organismos e países se disponham a trabalhar em real cooperação, parceria, partilha?

 

Se é possível unir esforços, juntar meios e agir eficazmente a nível internacional, porque persistem crises em várias partes do mundo?

 

Quantas pessoas morreram recentemente nas várias regiões de conflito? E nos campos de refugiados ou em trajetos de migração? E nas regiões mais empobrecidas?

 

Porque se deixou de falar destas outras realidades nas notícias?

 

Como manter a nossa compaixão e implicação perante essas notícias? Como nos envolvermos em soluções definitivas e imediatas?

 

Que possamos evitar que o enorme potencial de transformação social que esta crise nos oferece seja desperdiçado ou desvirtuado, como já tantas vezes a história viu acontecer. Agir sem arrogância, sem auto-importância, sem julgamento, honrando a Inteligência da Vida que nos transcende e que impregna tudo o que existe. Deixarmo-nos guiar pela inspiração Divina. Abraçar o Silêncio e escutar com todo o Ser. Fazer uma revolução (ou várias revoluções) da qual nasça uma verdadeira alternativa àquilo que já não nos serve, e nos permita cocriar comunidades centradas no Amor, no valor da Vida, no Bem Comum. Expandir a Consciência, Abarcar a Verdade e Agir a partir de puro Amor.

 

Lina Afonso | De Corpo e Alma

abril 2020